segunda-feira, 11 de abril de 2016

Resposta produzida pelo CRB-6 repercute entre bibliotecários

By PROCEDATA INFORMÁTICA LTDA 

Ilustração da matéria da revista Nova Escola (Foto: Reprodução/Editora Abril)
Na edição do mês de março, a revista Nova Escola publicou uma matéria com o título “Assim não dá: colocar um profissional só para fiscalizar a biblioteca”, cujo texto defende a ideia de que a função de bibliotecário pode ser exercida por um pedagogo para atuar como mediador da leitura. A reportagem apresenta depoimento de educadores, mas não abre espaço para que profissionais de Biblioteconomia se posicionem, por meio de argumentos técnicos e científicos, indicadores, pesquisas e exemplos práticos que mostrem a importância das bibliotecas escolares serem geridas por especialistas da área, capacitados e aptos para a atividade, inclusive para o fomento da leitura. 
Em resposta ao texto, a Comissão de Bibliotecas Escolares do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), coordenada pela bibliotecária Sindier Antônia (CRB-6/1542), posicionou-se a respeito do assunto, por meio de carta aberta à comunidade. A mensagem repercutiu nas redes sociais e nos sites ligados à Biblioteconomia, mobilizando diversos profissionais a manifestarem suas opiniões sobre o tema.
Pensando nisso, selecionamos alguns comentários enviados para nossos canais, com a intenção de fomentar a discussão em torno do tema, ampliando, assim, as informações sobre os conceitos abordados na matéria. Participe você também desse debate e dê sua contribuição. Confira, abaixo, alguns posicionamentos de profissionais.
Comentários via email:
Maria José Valentim Nunes (CRB-6/ES 523)
“Parabéns pelo posicionamento. Nós que atuamos em biblioteca escolar sabemos o quanto colaboramos para o desenvolvimento da leitura, entretanto, não somos reconhecidos. Na verdade, a escola quer um professor e não um bibliotecário. Pesquisa, organização do acervo etc, em geral, não são relevantes para eles, que entendem que nossa atividade se limita a receber, organizar e distribuir kits de livros didáticos. Um grande absurdo!”
Janete Gomes
“É lamentável como nossa profissão é, muitas vezes, desvalorizada. Não distante dessa reportagem, quantas vezes já ouvi que nossa atividade pode ser executada por qualquer um; que somos apenas uma exigência do MEC. Infelizmente, não temos nem o direito de reposta. Mas, parabéns ao CRB-6 por nos defender diante de uma repórter que, mais uma vez, quis dizer que a biblioteca é um amontoado de livros em uma sala, como já constatamos em diversas escolas.”
Liliane Domingues (CRB-6/757)
“Parabéns pela carta. E espero que a repórter Raissa Pascoal, que redigiu a matéria, tenha acesso à mesma e possa ter a gentileza de se retratar. Todos os profissionais da Biblioteconomia que leram a revista ou o texto na internet se mostraram indignados com o total desrespeito e desvalorização da nossa profissão. Além disso, ela demonstra na sua reportagem que desconhece completamente nossa atividade e, sendo assim, deveria ter tido o cuidado de primeiro conhecer para depois se manifestar. Foi realmente lamentável a publicação dessa matéria!
Espero ainda que o nosso Conselho, que nos representa, tenha entrado em contato com a direção da revista para declarar o nosso repúdio e indignação pela atitude dessa repórter que escreveu sobre algo que ela desconhece, e que desvaloriza toda uma classe profissional.”
Comentários no Facebook:
Fabiano Otávio Vitulli Cassettari
“Essa postura assertiva, serena e profissional do órgão de representação deve ser a regra, não uma exceção. Parabéns!”
Emanuelle Amaral
“Orgulho do CRB-6! Parabéns pela coerente nota! Na torcida para que a revista nos dê amigavelmente o direito de resposta.”
Lilia Santos (CRB-6/1776)
“Ótimas considerações para um debate qualificado sobre a importância da biblioteca escolar e sobre a valorização do profissional de Biblioteconomia.”
Comentários no Blog:
Claudio Marcondes
“Solidarizo com os colegas do CRB-6 pela resposta à matéria publicada na revista Nova Escola, pois a área de biblioteca escolar é de suma importância para sociedade.”
Valdeci Maria Clemen
“Esclarecimento perfeito. Parabéns CRB.”
Jussara Feitosa de Santana Gomes (CRB-6/1094)
“Bibliotecários em ação
Uma resolução da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais determinou que o professor formado em Biblioteconomia deve ser o profissional habilitado para estar à frente das bibliotecas da rede estadual de ensino. Até que enfim. Isso já era mais que esperado. Muitos professores bibliotecários foram designados para a função.
Geralmente, em várias escolas, a realidade era que os profissionais encarregados de exercer uma função na biblioteca eram os professores em afastamento da sala de aula, em processo de aposentadoria, excedentes, ou ainda, doentes, depressivos e até com síndrome do pânico, já que não conseguiam enfrentar o dia a dia da sala de aula com os alunos. Essa é a imagem do bibliotecário na escola, estigmatizada como aquela pessoa que precisa descansar e que não pode trabalhar com o aluno.
Muitas escolas no Estado já possuem uma biblioteca, sobretudo as da rede de ensino público estadual, cujo acervo é doado pelo Governo e composto por livros bem-selecionados, títulos premiados, clássicos universais estrangeiros e brasileiros, best-sellers atuais e da literatura infantil. São coleções literárias adquiridas, também, por meio dos projetos do Governo Federal e de instituições comerciais que oferecem oportunidades para formação de acervos e de leitores.
O que instiga a nós, profissionais da biblioteconomia, é encontrar bibliotecas na condição de depósitos de livros sem nenhum tratamento, misturados e dispostos desordenadamente. São paredes de livros didáticos já descartados, enfileirados e que enchem as prateleiras. Enquanto isso, os bibliotecários são convidados a trabalhar com a mediação da leitura, de projetos de comemoração de datas festivas, para confeccionar murais, enfeites e outros itens que exigem muita habilidade manual e artística e são necessários à estética escolar de acolhimento e de informação. Concordo que essas funções precisam ser executadas, afinal, estamos na escola para somar. Mas e o tempo necessário para o serviço técnico de organização do acervo? Isso sempre parece ser superficial na visão de leigos e, até mesmo, dos colegas professores que esperam a nossa colaboração nos projetos de leitura propostos na instituição de ensino.
O olhar de um bibliotecário, mesmo com a formação pedagógica, é diferente da percepção do professor. Por mais organizado que um profissional seja, a capacidade de ordenar uma biblioteca requer formação e capacitação. Que bom que já começaram a abrir portas para que especialistas da área estejam à frente das bibliotecas escolares. Contudo é necessário que entendam que esse profissional está preparado para uma função que exige local adequado, equipamentos e mobiliário apropriados. Tal estrutura ainda não é uma realidade nesses espaços.
É muito importante a compreensão de todos nesse momento, pois em Minas Gerais, só agora, em 2016, nós bibliotecários estamos ocupando nossas funções nas bibliotecas escolares e propondo, simplesmente, que esses locais possam ser organizados, limpos, sistematizados e tratados como merecem. Afinal, como fazer a mediação de leitura, a distribuição dos livros didáticos e o controle dos empréstimos? Como indicar obras que não foram identificadas, listadas, carimbadas, registradas, classificadas, catalogadas e organizadas dentro de um sistema? Um dos principais objetivos de uma biblioteca não seria facilitar o acesso aos materiais e às informações?
Queremos, sim, partilhar o mundo do conhecimento por meio da leitura, com todos os que estão ao nosso redor, e é para isso que nos preparamos. Estamos ocupando um espaço que é nosso por direito e queremos trabalhar com dignidade.”

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