sábado, 5 de janeiro de 2013

Linguagens documentárias e vocabulários semânticos para a web: elementos conceituais.


http://revistas.ffclrp.usp.br/incid/article/view/175/pdf

Fernanda Maria Melo Alves
Professora doutora do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Carlos III de Madrid
– Espanha
E-mail: fmelo@bib.uc3m.es
MOREIRO GONZÁLEZ, José Antonio. Linguagens documentárias e vocabulários
semânticos para a web: elementos conceituais. Salvador: EDUFBA, 2011. ISBN 978-85-
232-0824-0
A ideia original do livro originou-se nos materiais desenhados para os alunos de cursos de pós-graduação na área de Informação - Documentação. Se a origem tem um claro caráter docente, a elaboração inclui resultados de algumas pesquisas e de outros trabalhos pessoais, assim como o seguimento de tendências e de novidades nos assuntos tratados. Seu valor tem, então, características sintético-analíticas, ao mesmo tempo em que supõe uma proximação conceitual ao estado da arte.
A Web atual oferece deficiências quando à recuperação de informação. Assim o onstra a presença persistente de sobrecarga informativa, a ineficácia das palavras-chave quando se pretende fazer recuperações precisas, a desordem terminológica consequente da falta de autoridade literária ou a ausência crônica de sistemas com PLN. Com ideia de superar estas limitações, a última década teve um crescimento e uma adaptação intensa dos vocabulários e das linguagens que organizam o conhecimento. A sua estrutura e a sua complexidade ficam determinadas pelo uso de léxico alargado, contando inclusive com
estruturas verbais, pela ampliação das relações existentes entre os seus componentes, pela superação da referência a objetos do pensamento e objetos do mundo, enfim, pelo emprego de estruturas lógicas e de mapas conceituais para uma organização dos documentos cada vez mais complexa. Por todas estas razões, procura-se conseguir um tratamento mais apurado das  informações da web.
Assim, na hora de dar resposta aos atuais desafios para a representação do conhecimento, podem considerar-se uns grupos de vocabulários para organizar e representar a informação, sob a perspectiva do léxico utilizado e das relações entre as palavras e os termos que utilizam, como as listas de palavras: folksonomías; as listas de termos: glossários, listas e nomes, e dicionários. Entre eles apareceram os Anéis semânticos (como o que oferece uma arte de Wordnet); as categorizações e classificações: taxonomias,
esquena de categorização; e os grupos de relações, baseados em associações entre os termos e entre os
conceitos: tesauros automáticos ou conceptuais, Topic maps e Ontologias.Todos eles são sistemas de organização e de representação do conhecimento KOS (Knowledge Organization Systems) e servem para fazer a indexação de recursos na Web com diferentes vocabulários alguns deles controlados, outros não). O assunto do livro abarca o estudo de estes vocabulários e seu desenvolvimento conceitual segue praticamente este esquema..
Os sistemas de organização e de representação que empregamos na atualidade surgiram por impulso de uma web que precisa de novas estruturas para responder a novas necessidades, fato que forçou a sua adaptação às linguagens documentais preexistentes. Nesse contexto, esta monografia caminha mais perto das transformações que tiveram os elementos componentes e as estruturas de relacionamento dos vocabulários, para se adaptar a um meio tão exigente, do que dos sucessivos modelos de dados de XML necessários para expressar o conhecimento em estruturas simples predefinidas, como é o caso do emprego de SKOS para codificar tesauros, ou qualquer linguagem documental, em formato RDF.Sem desatender totalmente esses modelos, prima aqui uma perspectiva de análise de conteúdo documental, em que se diferenciam os elementos linguísticos que compõem os vocabulários e as linguagens, de acordo com o emprego de conceitos inferidos, termos unívocos ou palavras livres. Assim como os relacionamentos semânticos que se possam estabelecer entre os referidos elementos, segundo a responsabilidade e a intervenção das pessoas na construção das linguagens e dos vocabulários, e inclusive de acordo com a
aplicação que se estabeleça com a representação de objetos e o uso aberto ou restringido dos
vocabulários. É, sem dúvida, uma visão parcial, mas necessária, para entender a origem, a
transformação e a projeção dos vocabulários e das linguagens documentais que se empregam
para organizar o conhecimento na web, bem como o respectivo enquadramento teórico.
Não duvida em mergulhar na abordagem das bases epistemológicas da representação
da informação, desde a origem da representação conceitual e a sua organização até a origem
das relações entre conceitos para melhor entender a recuperação léxica e terminológica da
informação. Atende com especial dedicação o enriquecimento de relações nos novos
vocabulários como fruto da potencialidade dinâmica e criadora do pensamento.
A partir das necessidades de resposta à trajetória seguida pela representação do
conhecimento temático na web, se faz obrigatório considerar duas magnitudes diferentes, a
Web Semântica e a Web Social (W2.0), que estabeleceram a adequação dos sistemas derepresentação às características e às necessidades da cada uma delas. O texto dá uma atenção
preferente à diferenciação semântica na representação do conhecimento, seguindo o eixo
fixado pela distinção entre o emprego de palavras, termos ou conceitos na constituição dos
vocabulários. Este termo veio ocupar o local do seu precedente das linguagens documentarias,
incluindo-as. E está a converter-se, gradualmente, numa denominação genérica para falar de
estruturas ou de elementos padrão que representam e organizam a informação em Internet. A
sua polissemia pode limitar-se de acordo com o contexto utilizado. De forma que na Web
semântica o conceito de “ontologia” é sinônimo de vocabulário, enquanto na Web Social é o
de “folksonomía”. Para os estandares de metadados, vocabulário é o conjunto de elementos
descritivos e de propriedades. Mas no âmbito dos KOS (Knowledge Organization Systems),
os vocabulários são as estruturas tradicionais de representação como os tesauros ou as
classificações de assunto. Finalmente, para as corporações e as instituições prefere-se o termo
"taxonomia“.
Deste modo, a obra teve que analisar e descrever estes diferentes vocabulários, bem
como percorrer os principais sistemas de representação. Então, se a web impulsionou as
estruturas de organização do conhecimento, mediante a intervenção das Ontologias e das
Taxonomias, também teve que se adaptar às linguagens preexistentes, como é o caso dos
Tesauros, da representação livre mediante palavras-chave, agora folksonomías, e dos mapas
conceituais para desenhar os Topic maps. Como a maioria dos sistemas de organização e de
representação surgiu antes que existisse o ciberespaço, há menos de uma geração, e como
ainda estamos submersos numa forma cultural que aparece inconclusa, os documentalistas do
século XXI enfrentam o problema de criar uma nova geração de sistemas simbólicos ou de
melhorar os precedentes. O conteúdo desta monografia mostra essas novidades e variações,
cuja apresentação esquemática e emprego de uma linguagem direta e cuidada servem para
atingir uma boa exposição conceitual. Por isso, devemos estar gratos à Editora da
Universidade Federal da Bahia, pela oportunidade de divulgar outra obra deste autor, com o
intuito de levar à comunidade lusófona um dos enquadramentos que está a atravessar maiores
mudanças e exigências na área da Informação-Documentação.



Nenhum comentário: