quinta-feira, 19 de julho de 2012

ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS [Maio/2012]
http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=685

Elaine Cristina Lopes


São muitos os avanços tecnológicos industriais, mas não menos surpreendente pela sua proporção conquistada destaca-se a rede Internet, que na esfera empresarial abrange desde o comércio eletrônico até o intercâmbio de dados entre empresas e a transmissão de informações para clientes e público geral. Em relação à convergência entre as tecnologias da computação e da comunicação, Tomaél et al. (2001) comentam que a Internet representa uma verdadeira revolução nos métodos de geração, armazenagem, processamento e transmissão da informação.

Nesse contexto tecnológico aliado a gestão da informação, é fundamental que haja o desenvolvimento de ambientes informacionais digitais empresariais eficientes, promovendo a transformação das informações em conhecimento organizacional. Devemos considerar que uma empresa, ao estruturar um website pensando no usuário final, visando a apresentar e vender seus produtos, fornecer relatórios financeiros, divulgar informações relevantes entre outros produtos informacionais, pode transformar o website em um canal eficiente de relacionamento com colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes, investidores, ou seja, com todos os stakeholder (1) envolvidos.

A medida que a Internet permeia nossa sociedade, gerentes e executivos estão vagarosamente reconhecendo a natureza crítica-missionária de seus sites e redes locais interligadas, e essa consciência é inevitavelmente seguida pela compreensão de que arquitetura da informação é uma chave ingrediente para o sucesso. Uma vez que vejam a luz, não há retorno (MORVILLE; ROSENFELD, 2006, p.378, tradução nossa).

A arquitetura do website decorre da arquitetura organizacional de informações geradas internamente, refletindo a própria gestão da empresa. Seu contexto estrutural é capaz de estabelecer processos de comunicação com o público, por isso é fundamental que haja uma consciência quanto ao reconhecimento desse ambiente informacional como elemento contribuidor da imagem da empresa e, que por sua vez, pode gerar um diferencial competitivo. Morville e Rosenfeld (2006, p.376-377, tradução nossa) destacam pontos que devem ser analisados considerando o foco do ambiente, seja ambiente interno (intranet) ou website da empresa, os quais se denominam de “Argumentos da Arquitetura da Informação” (AAI):

§  Reduzir o custo para encontrar informação;
§  Reduzir o custo de encontrar informação inadequada;
§  Reduzir o custo de não encontrar nenhuma informação;
§  Prover uma vantagem competitiva;
§  Aumentar a consciência quanto ao produto;
§  Aumentar vendas;
§  Tornar o uso do site uma experiência mais agradável;
§  Aprimorar fidelidade da marca;
§  Reduzir a confiança sobre documentação;
§  Reduzir custos de manutenção;
§  Reduzir custos de treinamento;
§  Reduzir mudança de funcionários;
§  Reduzir transtorno organizacional;
§  Reduzir politicagem organizacional;
§  Melhorar partilha de conhecimento;
§  Reduzir a duplicação de esforços;
§  Solidificar estratégias de negócios.

A arquitetura da informação deve contemplar e refletir o universo da organização, baseando-se na visão, missão e valores estabelecidos pela organização, elementos estes que estão inseridos na dimensão e implementação de um projeto de AAI, o que significa que tal implantação deve ocorrer de forma imbricada a estratégia de negócios.

Na prática, a Arquitetura da Informação e estratégia de negócios deve ter uma relação simbiótica. É óbvio que a estrutura de um website deveria se aderir com os objetivos e estratégias de negócios. Então estratégia de negócios (frequentemente chamada “regras de negócios”) conduz à Arquitetura da Informação (MORVILLE, ROSENFELD, 2006, p.378, tradução nossa).

Os autores trazem reflexões acerca do alinhamento entre as atividades relacionadas à Arquitetura da Informação (AI) com as estratégias de negócios.  Essas reflexões estão relacionadas à importância da empresa em considerar as necessidades e expectativas dos stakeholders. São reflexões que devem ser constantes, uma vez que refletimos a imagem da empresa através do website. Entretanto, muitas empresas ainda não perceberam que ao possibilitarem que o usuário tenha condições de navegar no website da empresa, para obter informações precisas, estarão também mostrando como funciona a própria empresa. Sendo assim, a interface do website deve ajudar o usuário e pode ajudar a empresa (MORVILLE; ROSENFELD, 2006).

O website também pode ser uma ferramenta de marketing com grande visibilidade e que pode garantir bons negócios quando bem estruturado, atualizado e com a preocupação constante em refletir a seriedade da empresa, considerando que os clientes e usuários no ambiente Web estão cada vez mais exigentes e atuantes. Isso ocorre porque eles estão imersos em um leque de possibilidades acerca de empresas, produtos, serviços que lhe conferem poder de escolha na busca de produtos mais atrativos e vantajosos, entre outros.

Nesse sentido, cabe às empresas se adequarem a esse paradigma de atuação, cujos negócios podem garantir competitividade e visibilidade. As empresas com esse intuito devem, portanto, estar preocupadas com seu diferencial em relação às demais. Nessa perspectiva, Morville e Rosenfeld (2006, p.381, tradução nossa) sugerem os seguintes questionamentos:

§  No que sua empresa é realmente boa?
§  No que sua empresa é realmente ruim?
§  O que faz sua empresa diferente dos seus concorrentes?
§  Como você é capaz de derrubar concorrentes?
§  Como seu website ou rede local pode contribuir para vantagem de concorrência?

Atualmente, a vantagem competitiva se destaca, entre outras, na relação da empresa com os clientes. Ao perceber problemas de interação entre o projeto inicial de website e o que de fato se torna realidade e, portanto, o que de fato é disponibilizado aos usuários, sobretudo quando se trata de um ambiente de compras ou utilização de serviços, verifica-se que há subutilização ou evasão, por parte dos cientes, quanto ao uso dos serviços.

Companhias descobriram que obtêm mais lucro de seus websites quando seguem diretrizes de usabilidade [...] Não que as companhias desejem ser boas e ajudar a humanidade, é que elas desejam ganhar mais dinheiro. É sorte nossa que a forma de se ganhar mais dinheiro na web é projetar para humanos (NIELSEN, 2007, p.2).

O equilíbrio entre a qualidade do que a empresa oferta e a qualidade do website é fundamental para o êxito de suas relações com o mercado. Cada vez que o consumidor procura um ambiente em busca de informações, ele analisa e, portanto, a partir do interesse inicial e do que é oferecido, há a decisão de uso propriamente dita. Utilizar o ambiente web estrategicamente é tão importante quanto qualquer outra variável considerada pela empresa, podendo ser o ponto de partida para que se obtenha vantagem competitiva frente aos concorrentes na conquista de novos clientes, bem como na manutenção dos clientes já existentes.



REFERÊNCIAS


FREITAS, R. A.; QUINTANILLA, L. W.; NOGUEIRA, A. dos S. Portais corporativos: uma ferramenta estratégica para gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.
MORVILLE, P.; ROSENFELD, L. Information architecture for the world wide web. 3.ed. Sebastopol: O’Really, 2006.

NIELSEN, J. Usabilidade é popular graças a seu retorno financeiro.  Jornal Folha de Online, São Paulo, 02 fev. 2007. Entrevista concedida a Pollyana Notargiacomo Mustaro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u21504.shtml>.

TOMAÉL, M. I.; CATARINO, M. E.; VALENTIM, M. L. P.; ALMEIDA JÚNIOR, O. F. de ; SILVA, T. E. da; ALCARÁ, A. R.; SELMINI, D.; MONTANARI, F. R.; YAMAMOTO, S.; ALMEIDA, C. C. de; CURTY, R. G.; GODOY, P. A. Avaliação de fontes de informação na Internet: critérios de qualidade. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.11, n.2, p.1-14, 2001.



NOTAS

[1] Stakeholder refere-se a “[...] qualquer ator (pessoa, grupo, entidade) que tenha uma relação ou interesses (diretos ou indiretos) com ou sobre a organização” (FREITAS; QUINTANILLA; NOGUEIRA, 2004, p.96).

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