quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Uma História de Natal

Uma contribuição da minha amiga Margareth.
Um FELIZ NATAL para todos.
Observem que lindo conto de Natal da autora Ana Lúcia de Mattos.

Uma História de Natal

Nos dias que antecedem o Natal , há uma atividade febril nas cozinhas do céu. Anjos confeiteiros se esmeram em preparar os mais deliciosos chocolates  para serem entregues às crianças de todo o mundo na noite da véspera do Natal.

Há muito, muito tempo, havia entre os anjos aprendizes, um Anjinho cujo sonho era vir à Terra  com os demais e distribuir os celestiais chocolates. Pediu a permissão do anjo chefe da expedição, mas, este, lembrando como o anjinho era ainda pequeno, de asas pouco poderosas, negou o pedido. Afinal, o Anjinho, tão pequenino ainda, poderia perder-se, atrasar-se. E os Anjos sabem que é necessário retornar ao céu antes dos primeiros raios da aurora, pois , os portões se fecham antes do alvorecer.

O Anjinho, entretanto, não se deu por vencido.Cheio de esperanças foi falar com o Menino Jesus. Explicou-lhe seu desejo. Jesus, porém, considerou que não era correto desautorizar a ordem do Anjo Responsável. Afinal, seria uma quebra de disciplina  pouco recomendável ao exercício da Liderança, no qual se notabilizara como Mestre.

Mas, o Anjinho, tinha ânimo valente. E era esperto também. Chorando muito, o que o fazia ainda mais comovente, sentou-se sobre uma nuvem bem branquinha. Chorou ! Chorou! Foi então, que a Divina Senhora, ouvindo seu choro tão sentido, resolveu verificar o quê o afligia. Tomando-o amorosamente nos braços, consolando-o, perguntou-lhe a  causa do choro. O Anjinho contou-lhe seu sonho. A Senhora, compadecida, tornou-se embaixadora do Anjinho e pediu a Seu Filho que autorizasse a descida do coitado.

Sua vontade foi satisfeita.Quem negaria um pedido seu?

Arrumaram uma cestinha bem bonita com porções de chocolates. Fizeram mil recomendações e quando o cortejo celeste deixou o céu, o Anjinho veio junto. Era comovente vê-lo a bater suas asinhas com todo o empenho para não atrasar-se.

Distribuiu toda sua pequena carga  bem rápido, seguiu o mapa das entregas com atenção. Fez tudo direitinho.

Quando já retornava ao céu bem antes da aurora, sobrevoou um lugarejo muito pobre. Chamou-lhe a atenção um casebre miserável. Aproximando- se viu nele, sobre um catre gelado, uma mulher em prantos e a seu lado um menino pequeno. Não havia fogo, embora fizesse frio. Não havia pão nem leite.

O Anjinho  tomado de compaixão chorou por não ter mais nenhum pedacinho de chocolate em sua cesta.

Mas  lembrou-se de um segredo que só Anjos conhecem.  Se um Anjo retirar uma estrela do céu e colocá-la  sob uma panela em casa dos homens, tudo  que na panela se ferver terá o gosto e o aroma do mais fino chocolate.

Não perdeu tempo. Batendo  vigorosamente suas asinhas, voltou ao céu e lá tomou em suas mãozinhas uma minúscula estrelinha.

Voltando célere, colocou-a sob  a caçarola que jazia sobre o fogão apagado.. Enquanto voava novamente para o céu, pode sentir o cheiro do chocolate que envolvia a choupana.

E foi por obra de um Anjinho aprendiz de amoroso coração que naquela noite de Natal, uma mulher pode acalentar seu menino com doce e quente chocolate.

Ao voltar para o céu já na barra do dia, os portões estavam fechando-se. Esgueirou-se  nosso Anjinho deixando algumas penas de suas asinhas. Mas nada importava. Tinha ido à Terra. Estava feliz seu coraçãozinho.

Sentou-se na sacada celestial para apreciar o nascer do sol. Neste momento, seu coração apertou-se. No lugar de onde retirara a estrelinha, havia agora, um buraco. Uma feia ferida na harmonia cósmica. E o Anjinho chorou. Como explicar ?

Neste momento, a Mãe, a Eterna Senhora, tomou-o de novo nos braços protetores. Percebendo a causa da aflição do Anjinho, retirou uma das lindas estrelinhas que bordam seu etéreo manto e deu-a ao Anjinho, dizendo-lhe  que  a  colocasse no lugar de onde retirara a outra.

O Anjinho, feliz, enxugando as lágrimas, assim o fez.

Daquele Natal em diante, por todos os dias de nossa jornada sobre a Terra, a cada anoitecer,  a primeira Estrela que nosso saudoso olhar contempla no firmamento é a estrela do manto da Senhora, que brilha para nos lembrar da compaixão, da coragem, do Amor de um Anjinho aprendiz.

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